JUSTIFICATIVA
O Encontro do Curso de Letras em Breves vem se afirmando como um evento significativo no campo dos estudos da linguagem vergal e não-verbal, pois suscita discussões de grande importância no tocante ao ensino de língua e literatura no contexto acadêmico e escolar. Desse modo, o evento busca realizar um encontro salutar entre discentes e docentes de vários municípios do Pará, com o intuito de “romper” as fronteiras identitárias, e na tentativa de estreitar e integrar as diversidades culturais e experiências educacionais presentes no contexto amazônico.
Nesse sentido, o IV ECLEB tem como proposta central discutir as diferentes linguagens que transitam no espaço cultural e educacional do Arquipélago do Marajó, em contato com novas tecnologias e impulsos criados pela contemporaneidade, e diante do fluxo constante de gêneros textuais, além do diálogo com expressões artísticas, línguísticas e literárias engendradas pela mídia e outros meios de comunicação.
Frente essas transformações, pensar a Educação na contemporaneidade é entender, de certo modo, em que contexto a produção de conhecimentos se insere no âmbito das mutações da Arte, da Cultura, da Língua e das Tecnologias, marcadas por um trânsito contínuo entre gêneros “impuros” que se afirmam e desafiam a Educação tradicional. Vista por essa ótica, não se pode pensar mais em um conhecimento fragmentado e cerceado pela pureza dos códigos de linguagem, pois, independente de “guetos” acadêmicos, vivemos uma intensa relação sígnica, em que a “aura” plena das áreas de conhecimento já não tem a mesma autonomia e fronteiras demarcadas.
Exemplo disso, é que no campo das artes e da língua a “hibridização” dos signos se fortaleceu, a partir do trânsito contínuo dos signos fragmentados no âmbito dos códigos de linguagem. Além disso, com o advento dos Estudos Culturais, começou-se a pensar no intercâmbio e “choques” identitários, partindo do encontro entre diferentes culturas, assim como, aconteceu uma grande mudança no tocante ao estudo e análise da chamada “cultura de massa”, em que figuram as histórias em quadrinhos, os jogos virtuais, vídeoclips, a telenovela e o cinema, entre outras expressões e fenômenos discursivos e dialógicos.
Essas possibilidades dialógicas entre as artes, culturas e identidades apontam para uma relação intercultural mais intensa, já que segundo Candau (2008, p.51), “nas sociedades em que vivemos os processos de hibridização cultural são intensos e mobilizadores da construção de identidades abertas, em construção permanente, o que supõe que as culturas não são puras”. Neste sentido, a “inter-relação” entre os diversos saberes artístico-linguístico-literário-culturais representa “desterritorializar” o campo da linguagem, em busca de uma interdisciplinaridade constante e não fragmentada, apoiada em “aparatos” tecnológicos, por exemplo, com o objetivo de questionar determinados cânones e “escolas” de conhecimentos ortodoxos e puristas.
Segundo Canclini (2008, p.308), “a remodelação das práticas sociais nem sempre contradiz as culturas tradicionais e as artes modernas”, ou seja, é possível criar uma relação interessante entre as culturas tradicionais e os elementos de “reprodutividade técnica”, pois, como entende o referido estudioso, “essa apropriação múltipla de patrimônios culturais abre possibilidades originais de experimentação e comunicação”. Nesse (des)encontro, não se deseja supervalorizar as produções “híbridas” da pós-modernidade, em detrimento dos saberes populares, mas criar um diálogo entre o “local” e o “global”, o “tradicional” e o “moderno”, além de abrir um “território” expressivo para outras expressões artísticas.
Diante do exposto, ao colocarmos em foco “As multifaces da linguagem no contexto amazônico”, como tema do IV Encontro do Curso de Letras em Breves, não se quer apenas estudar os saberes culturais produzidos no contexto da região Amazônica, mas também proporcionar um intenso diálogo entre esses saberes e as diversas produções linguísticas, artísticas e literárias que se (inter)relacionam na contemporaneidade. Portanto, acreditamos que esse rompimento de fronteiras entre as áreas do conhecimento, antes quase estagnadas, pode reinventar os processos de “leitura e ensino-aprendizagem”, em que as identidades encontram-se imersas nas mais diversas formas híbridas. A partir dessa premissa, é possível imaginarmos a construção de um processo de leitura e aprendizagem, de maneira mais dinâmica, em que os educandos possam encontrar diferentes motivações, frente a conteúdos provocadores, despertando nos professores o empenho em adquirir conhecimentos e domínios sobre temas transversais e diálogos intersemióticos.
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